Para quem viu a pergunta que lhe coloquei no Jornal das 8 de
ontem (dia 27/08), ficará com a ideia de que procurei «encostar à parede»
Jerónimo de Sousa e pressioná-lo no sentido de obter alguma resposta
comprometedora. Vamos por partes.
Jerónimo é, indiscutivelmente, um dos políticos mais
conhecidos no nosso país. É amplamente reconhecida a sua influência nos
sindicatos, a sua presença forte em discursos sempre assertivos e a elevada
proximidade aos trabalhadores, fazendo dele um «homem do povo». Mas o
Secretário-Geral do PCP é muito mais do que isso. É de carácter simples,
directo, frontal e tem uma verticalidade e honestidade que deveriam invejar
muitos dos políticos nacionais. Não se leva em falsos discursos para agradar a
outrem, mantém a coerência no discurso, a ideologia do «costume» e aquele
aspecto singular de um homem que é deputado à Assembleia da República como
«afinador de máquinas».
Mas nem só de pétalas se fazem as rosas e Jerónimo de Sousa
carrega consigo uma ideologia profundamente comunista que, poderão alguns
pensar, estará já bastante desactualizada. O PCP continua a defender a
necessidade da nacionalização dos sectores vitais da economia, pondo fim à
Liberdade actualmente em vigor na economia. Pretende que o Estado controle a
banca, a sua unidade monetária (Jerónimo refere-se ao dinheiro como um bem
público) e toda a actividade financeira do país. Serão medidas extremamente
difíceis (senão impossíveis) de aplicar e conduzirão a um caos sem igual na
nossa economia. Estará o PCP pronto para governar? Não comprometerá isto um
futuro entendimento com o PS?
A pergunta que coloquei ao Secretário-Geral do PCP, versava
apurar onde pensa o PCP ir buscar o financiamento necessário a medidas tão
ilusórias quanto o aumento do salário mínimo, o aumento brutal do investimento
público e a redução feroz dos impostos aos singulares e às empresas. Jerónimo
respondeu com a renegociação da dívida. Se os Comunistas ascenderem ao poder,
farão «pé vincado» à troika, como
vimos na Grécia, e conduzir-nos-ão a outro resgate? Urge responder a esta
questão.
Outra pergunta que gostaria de ter visto respondida é a
questão da saída do Euro e da UE. Portugal, sabemos bem, sempre beneficiou da
integração Europeia e isso traduziu-se em progressos notórios e assinaláveis no
nosso desenvolvimento económico e social. Pertencemos hoje a um mercado
supranacional com 500 milhões de europeus, palco de um verdadeiro acelerador de
desenvolvimento, empreendedorismo e inovação. Estará o PCP disposto a colocar
em causa o futuro das novas gerações que veem na UE fonte de crescimento
pessoal?
Há muitas questões que, infelizmente, não me foi possível
colocar ao Secretário-Geral do PCP, mas que gostaria de ver respondidas.
Portugal precisa de saber. Para bem da democracia. Para bem do PCP. Jerónimo
tem ainda muito a falar. Jerónimo é o político certo, com a ideologia
inadequada. Jerónimo é dos bons!
Link para a pergunta e para a resposta de Jerónimo de Sousa
Link para a pergunta e para a resposta de Jerónimo de Sousa
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