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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Jerónimo é o político certo, com a ideologia inadequada

O momento desta crónica não poderia ser mais oportuno. Acabo de entrevistar, em directo para a TVI, o Secretário-Geral do Partido Comunista Português. E esta é a razão da escolha deste tema.
Para quem viu a pergunta que lhe coloquei no Jornal das 8 de ontem (dia 27/08), ficará com a ideia de que procurei «encostar à parede» Jerónimo de Sousa e pressioná-lo no sentido de obter alguma resposta comprometedora. Vamos por partes.
Jerónimo é, indiscutivelmente, um dos políticos mais conhecidos no nosso país. É amplamente reconhecida a sua influência nos sindicatos, a sua presença forte em discursos sempre assertivos e a elevada proximidade aos trabalhadores, fazendo dele um «homem do povo». Mas o Secretário-Geral do PCP é muito mais do que isso. É de carácter simples, directo, frontal e tem uma verticalidade e honestidade que deveriam invejar muitos dos políticos nacionais. Não se leva em falsos discursos para agradar a outrem, mantém a coerência no discurso, a ideologia do «costume» e aquele aspecto singular de um homem que é deputado à Assembleia da República como «afinador de máquinas».
Mas nem só de pétalas se fazem as rosas e Jerónimo de Sousa carrega consigo uma ideologia profundamente comunista que, poderão alguns pensar, estará já bastante desactualizada. O PCP continua a defender a necessidade da nacionalização dos sectores vitais da economia, pondo fim à Liberdade actualmente em vigor na economia. Pretende que o Estado controle a banca, a sua unidade monetária (Jerónimo refere-se ao dinheiro como um bem público) e toda a actividade financeira do país. Serão medidas extremamente difíceis (senão impossíveis) de aplicar e conduzirão a um caos sem igual na nossa economia. Estará o PCP pronto para governar? Não comprometerá isto um futuro entendimento com o PS?

 
A pergunta que coloquei ao Secretário-Geral do PCP, versava apurar onde pensa o PCP ir buscar o financiamento necessário a medidas tão ilusórias quanto o aumento do salário mínimo, o aumento brutal do investimento público e a redução feroz dos impostos aos singulares e às empresas. Jerónimo respondeu com a renegociação da dívida. Se os Comunistas ascenderem ao poder, farão «pé vincado» à troika, como vimos na Grécia, e conduzir-nos-ão a outro resgate? Urge responder a esta questão.
Outra pergunta que gostaria de ter visto respondida é a questão da saída do Euro e da UE. Portugal, sabemos bem, sempre beneficiou da integração Europeia e isso traduziu-se em progressos notórios e assinaláveis no nosso desenvolvimento económico e social. Pertencemos hoje a um mercado supranacional com 500 milhões de europeus, palco de um verdadeiro acelerador de desenvolvimento, empreendedorismo e inovação. Estará o PCP disposto a colocar em causa o futuro das novas gerações que veem na UE fonte de crescimento pessoal?
Há muitas questões que, infelizmente, não me foi possível colocar ao Secretário-Geral do PCP, mas que gostaria de ver respondidas. Portugal precisa de saber. Para bem da democracia. Para bem do PCP. Jerónimo tem ainda muito a falar. Jerónimo é o político certo, com a ideologia inadequada. Jerónimo é dos bons!

Link para a pergunta e para a resposta de Jerónimo de Sousa
 

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