Tenho sentido, à custa disso, as críticas enfurecidas de
muitos emigrantes e seus familiares próximos que me têm dirigido enormes
insultos à minha honra e à minha família. É, por isso, hora de moderar
ligeiramente este debate e dizer claramente o que quis transmitir na referida
entrevista. Existe, hoje mais do que nunca, uma crença generalizada de que a
Emigração é a única solução possível para milhares de portugueses que todos os
dias lutam para obter um emprego. Quando refiro que os «meus colegas
desistiram», falo da minha geração que ainda estuda para obter uma Licenciatura
ou outro grau de qualificação e já acha (a
priori) de que terá que se ver obrigado a emigrar. A esses, aos que ainda
não saíram para o mercado de trabalho, dirigi a minha mensagem!
A Emigração, na minha mais sincera opinião, não é um mal em
si mesmo. Os portugueses que buscam melhores condições de vida lá fora são,
logo à partida, divulgadores da cultura nacional. Mas nem só aqui se fica a
mais-valia que eles trazem a Portugal: quando regressarem (e esperemos que
todos o façam o mais brevemente possível) serão foco de empreendedorismo e de
inovação, o que se traduzirá num potencial futuro para o nosso país. E, ao
contrário do que o título da TVI refere, não considero os emigrantes alguém sem
perspectivas de vida, desistentes e incrédulos em relação ao futuro. Os que
ousaram ir para além-fronteiras trabalhar, largaram pais, filhos (alguns deles
ainda pequenos), casa, entre muitas outras coisas. E para quê? Para aceder a
melhores condições de vida, melhores salários, trabalho árduo recompensado. Mas
a culpa não pode ser só dos que partem, é, também, necessariamente de quem
fica.
O País não precaveu a necessária empregabilidade quando se
aumentaram exponencialmente as vagas em áreas como a Enfermagem, a Educação ou
em algumas Engenharias. Hoje temos qualificados que, não encontrando lugar na
sua terra natal, buscam outras que lhes permitam cumprir o sonho de exercer
dignamente a profissão pela qual sempre sonharam. Estes não desistiram! Não
ficaram à espera de rendimentos mínimos, subsídios de desemprego, etc.
Cumpriram o sonho de exercer a profissão para a qual se qualificaram e
exercem-na em países onde necessitam deles. Para bem de Portugal, espero que
voltem! Será sinal de que somos um país economicamente mais sustentável, com
uma capacidade geradora de emprego muito maior e onde possamos encontrar as
ligações necessárias entre a oferta formativa e o mercado de trabalho.
Os que partem merecem ser tratados com dignidade pelos que
ficam. Os que buscam sempre o melhor, merecem que a vida lhes sorria. Os
emigrantes são parte importante de Portugal. Vão, mas voltem!
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