Depois das
últimas eleições presidenciais, não poderia deixar de comentar os resultados do
sufrágio nacional. O aspecto surpreendente destas eleições parte, desde logo,
pelo número de candidatos à Presidência: 10. Quatro deles, apresentavam-se como
verdadeiros independentes de partidos políticos. Os outros, já conhecemos os
meandros dos apoios partidários. Mas façamos um resumo desta noite
eleitoral:
- Henrique Neto, Cândido Ferreira e Jorge Sequeira não conseguiram
partilhar a sua independência partidária com o país que não os considerou
alternativa viável. Conseguiram pouco mais de 60 mil votos (considerado o seu
somatório);
- Paulo de Morais trouxe a debate temas como o combate à
corrupção, o enriquecimento ilícito e o financiamento dos partidos. Mostrou ser
alguém dedicado à política como um todo, sem dependências partidárias. A
votação de 2,15% é insuficiente para a quantidade (e qualidade) das posturas
apresentadas.
- Edgar Silva protagonizou uma campanha em tudo similar às do
Partido que o apoiou. Encontros com os trabalhadores, jantares-comício em mesas
de plástico, simpatia no rosto para os «operários» e para o restante povo. Não
obstante a sua figura pessoal, o seu discurso (já tradicional no PCP) não
vingou e isso reflectiu-se no péssimo resultado obtido (3,95%). Pela primeira
vez, os comunistas não cantaram vitória em noite eleitoral. Estará na hora da
mudança no histórico PCP?
- Maria de Belém carregou em cima de si o peso da divisão do
Partido Socialista. Após a já anunciada candidatura de alguém da sua área de
influência, a ex-presidente do PS resolveu avançar para Belém. Não ficou nada
bem na fotografia (4,24%) e criou brechas dentro do seu partido. Uma decisão
talvez mal ponderada e com consequências para a vida interna do partido.
- Sampaio da Nóvoa falhou na sua missão de ser o líder da oposição
de esquerda contra Marcelo (22,89%). Ao longo dos últimos meses, foi-se
apresentando como um «cidadão independente», mas o peso do
"semi-apoio" do Partido Socialista, pode ser entendido como sinal de
contraditório. No entanto, e há que ressalvar esse facto, no seu discurso final
apelou à união dos portugueses em torno do vencedor, referiu várias vezes que
não iria ser desestabilizador da Presidência e que só um País unido poderia
enfrentar os desafios do futuro. Apesar da derrota «pesada», merece um louvor
pela grandiosidade do discurso.
- Marisa Matias provou que a força do Bloco de Esquerda está cada
vez mais presente no panorama político-partidário português. O resultado
histórico alcançado (10,13%) igualam o resultado do partido nas eleições
Legislativas. Marisa queria impedir uma decisão à primeira volta. Falhou, mas o
seu discurso será indiciador de que o partido se está a erguer. Pela força das
suas palavras e da sua figura, obteve o terceiro lugar na corrida. Não esteve
longe. Haverá próxima vez?
- Vitorino Silva trouxe consigo uma nova imagem à Política
portuguesa. "Tino de Rans", como é popularmente conhecido, aliou um
discurso muitas vezes parco em termos técnicos e políticos a uma figura populista
de contacto directo com as populações. O voto de protesto que nele recaiu
valeu-lhe um resultado histórico (3,28%), abrindo portas para que o populismo
esteja presente na nossa democracia. Será que Tino (que falhou o apuramento à
Liga Europa) revolucionou a forma de agir e de actuar na política? O futuro o
dirá. Tino, esse, continuará no meio das suas gentes.
- Por fim, o candidato vencedor. Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu
aliar a sua popularidade e protagonismo já alcançados, a uma campanha discreta,
verdadeira, de proximidade. E foi aqui que se alcançou a vitória à primeira
volta (52,2%). Os eleitores já o conheciam, percebiam claramente quais eram as
suas intenções e o que verdadeiramente fazia parte do carisma do candidato. O
Professor Marcelo limitou-se a ir aparecendo nas televisões (que tão bem
conhece), sem entrar em guerras, nem "intrigalhadas" (Tino disse-o
bem). Os portugueses confiaram nele para nos liderarem nos próximos 5 Anos.
Esperamos que haja de acordo com a Constituição (que bem conhece) e que seja um
verdadeiro «árbitro» neste jogo que é a política nacional.
Uma última mensagem para os 51,16% dos portugueses que não saíram
de casa para votar. Este é o nosso direito máximo por excelência, o que tem a
primazia sobre os restantes, o que nos permite escolher os nossos
representantes. Não queiram depois mostrar a vossa força em manifestações
"sindicais" e em protestos nas redes sociais. De nada vos adianta.
Exercer o direito de voto é assumir plenamente a nossa existência cívica. Não
deixe que outros decidam por si. Da próxima vez, mostre a sua opinião com um X.
Não custa nada. Por Portugal.
És do caralho J Lopes. Quando fores candidato voto em ti.
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